O Vaticano anunciou, neste sábado (10), o fortalecimento das medidas de controle do fluxo financeiro de suas diferentes instituições, por meio de modificações em uma lei de 2013.
“As últimas modificações fazem parte de uma estratégia global, cujo objetivo é tornar a gestão das finanças do Vaticano cada vez mais transparentes, no âmbito de controles intensos e coordenados”, declarou Carmelo Barbagallo, presidente do Organismo de Informação Financeira (OIF), em uma entrevista publicada pelo Vaticano.
O OIF, considerado o gendarme financeiro do Vaticano, é encarregado de controlar os fluxos financeiros do pequeno Estado, no âmbito da luta contra a lavagem de dinheiro e o terrorismo.
Com as modificações, “os mecanismos de defesa e controle das instituições (do Vaticano) que são afetadas de várias maneiras pelos fluxos financeiros serão ainda mais fortes”, explicou Barbagallo.
“Cada sistema jurídico tem a missão fundamental de proteger e defender a dignidade de cada pessoa. Neste contexto, gerir com prudência e controlar com eficácia não é apenas um dever jurídico, mas também moral. Isto é ainda mais verdadeiro no que diz respeito ao controle de fluxos financeiros”, acrescentou.
Uma equipe de especialistas do Moneyval, o órgão do Conselho da Europa que avalia as medidas de combate à lavagem de dinheiro, iniciou uma inspeção das contas do Vaticano há dez dias, a quinta desse tipo desde 2012.
Esta inspeção ocorre enquanto a justiça do Vaticano investiga há um ano o opaco financiamento da Santa Sé para a compra de um edifício de luxo em Londres.
Há cerca de duas semanas, um dos cardeais mais influentes do Vaticano, o italiano Angelo Becciu, foi afastado pelo papa sob suspeita de “malversação” em favor de seus irmãos. Ele também ocupou um cargo de responsabilidade no investimento do edifício de Londres.
O papa lembrou aos especialistas do Moneyval, a quem recebeu há dois dias, que um texto publicado em 19 de agosto obriga os funcionários do Vaticano a relatar qualquer atividade suspeita ao OIF.