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O que se sabe até agora sobre a relação entre crianças e coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou ainda mais o grau de preocupação com o coronavírus, nesta segunda-feira (16), ao reconhecer publicamente que a pandemia já provocou a morte de crianças – consideradas a faixa etária menos sensível a complicações da doença até o momento. Apesar do alerta, especialistas garantem que a manifestação da entidade deve ser interpretada como um recado sobre a importância de todos tomarem precauções, incluindo a população infantil, e não como um indício de que os mais jovens podem se tornar um novo grupo de risco. Os dados disponíveis confirmam, até agora, que as crianças de fato estão menos sujeitas a sintomas graves.

— A declaração da OMS deve ser entendida como um aviso de que, embora as crianças sejam menos vulneráveis, não podemos esquecer delas. O risco é menor, mas não é ausente — esclarece o infectologista Renato Grinbaum, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A declaração que multiplicou a consternação de pais no mundo inteiro foi dada pelo diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na tarde desta segunda.

— Esta é uma doença séria. Embora a evidência que temos sugira que aqueles com mais de 60 anos correm maior risco, jovens, incluindo crianças, morreram — afirmou Tedros.

O dirigente da organização não deu detalhes sobre idades, número de vítimas ou local de registro das mortes. Até então, havia pouquíssimos relatos de mortos mais jovens. Uma análise envolvendo os primeiros 45 mil casos de contaminação ocorridos na China até 11 de fevereiro, por exemplo, identificou apenas uma morte de um jovem com menos de 20 anos, e nenhuma de pacientes com menos de 10.

— Temos pouca informação a respeito. Mas uma possibilidade é que essas crianças que apresentam quadros mais graves tenham problemas respiratórios ou alguma doença genética, como também ocorre em casos de gripe — avalia o professor de epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jair Ferreira.

Por isso, a orientação dos especialistas é reforçar as recomendações de higiene com as crianças, como lavar as mãos com frequência, usar álcool gel e evitar aglomerações. Nesse sentido, a suspensão de aulas (que começou a ser adotada no Rio Grande do Sul) é considerada uma medida prudente.

— A transmissão é muito facilitada nas escolas, principalmente quando crianças menores brincam juntas. Suspender aulas diminui a velocidade de transmissão — afirma Grinbaum.

Ainda não há uma explicação científica sobre por que os sintomas tendem a ser mais brandos entre as faixas etárias mais novas. Veja, a seguir, um resumo do que se sabe até o momento sobre a relação entre coronavírus e crianças.

Risco de contaminação
Uma das dúvidas no começo da pandemia era se crianças aparentemente estavam menos sujeitas a complicações porque apresentavam sintomas mais leves ou não se contaminavam tanto. Pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Shenzen, na China, analisaram 391 casos de pessoas com covid-19 e acompanharam 1.286 de seus contatos mais próximos para ver se haviam contraído o vírus, mesmo que não apresentassem sintomas.

Verificou-se que crianças com menos de 10 anos expostas ao vírus o contraíam na mesma taxa que os adultos, na faixa de 8%. Ou seja, o risco de contaminação é o mesmo.

Sintomas
Estudos indicam que, até o momento, o coronavírus em geral causa menos sintomas e provoca menos quadros graves entre a população infantil. Uma pesquisa publicada no The Pediatric Infectious Disease Journal na sexta-feira (13) revela que crianças e adolescentes respondem por apenas 2% das hospitalizações em razão do novo vírus. A maioria dos pacientes tinha alguma outra doença pré-existente. Uma observação, ainda sem explicação, é que as crianças tendem a desenvolver mais sintomas gastrointestinais.

Ainda não há uma comprovação científica para a maior resistência das crianças. Uma das hipóteses é que tenham um sistema imunológico mais robusto para novos vírus. Outra é alguma característica específica do coronavírus que afete menos os jovens.

Risco de transmissão
As crianças são menos afetadas pelo coronavírus, mas são consideradas vetores importantes da doença. Um estudo feito em parceria entre a OMS e o governo chinês confirma que, embora os mais jovens fiquem menos doentes, pegam o vírus e o transmitem a outras pessoas. Por isso, uma das recomendações é que elas evitem ser deixadas com idosos, como os avós – público mais suscetível a complicações e com maior taxa de letalidade (cerca de 15% entre pessoas com 80 anos ou mais).

Letalidade
Os dados disponíveis até o momento indicam que a letalidade é menor entre crianças do que em comparação com outras faixas etárias – embora isso não signifique que não possam ocorrer casos graves e até mortes. O alerta da OMS é de que todo cuidado é pouco, independentemente da idade.

Taxa de letalidade na China
Estudo realizado com pacientes registrados até 11 de fevereiro

0-9 anos = 0%
10-19 anos = 0,2%
20-29 anos = 0,2%
30-39 anos = 0,2%
40-49 anos = 0,4%
50-59 anos = 1,3%
60-69 anos = 3,6%
70-79 anos = 8%
80 anos ou mais = 14,8%

SourceGaúchaZH
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