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Bolsa de valores desaba 12,17% e dólar vai a R$ 4,726

O avanço da epidemia de coronavírus e a crise do petróleo desencadeada nos últimos dias, que derrubou o preço do barril, reforçaram nesta segunda-feira (9) o cenário de incertezas para a economia mundial em 2020. O clima de tensão se acentuou ainda mais no mercado financeiro global, fazendo desabar 12,17% o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo. Essa é a maior queda diária desde 10 de setembro de 1998, quando a Bolsa caiu 15,8%, ano marcado pela crise financeira russa.

Enquanto isso, o dólar comercial se valoriza 1,97%, cotado a R$ 4,726, novo recorde nominal desde a implementação do Plano Real.

Com o fluxo de comércio internacional afetado pela epidemia, o temor de uma recessão global avança e, por tabela, as projeções de crescimento do Brasil são revisadas. Pela quarta semana consecutiva, o relatório Focus, do Banco Central, baixou a expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do país, agora para 1,9% neste ano. Em janeiro, chegava a 2,3%.

Professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Simão Silber destaca que há um cenário de “pânico” nos mercados ao redor do mundo. As principais bolsas da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos tiveram quedas expressivas, de até 11%, nesta segunda-feira. Em São Paulo, as negociações chegaram a ser paralisadas por 30 minutos, ao atingirem queda de 10% durante a manhã. Foi o primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017, em meio às denúncias do dono da JBS contra o então presidente, Michel Temer. Foi também a sexta vez na história em que o mecanismo foi acionado.

Queda de 29,70% nas ações da Petrobras
A deterioração nos mercados nesta segunda sinaliza ainda os efeitos negativos da retração no preço do petróleo. O contrato futuro do barril do tipo Brent chegou a cair mais de 30% nesta sessão e agora é negociado ao patamar de US$ 34,47, queda de 23,8%. É a menor cotação desde 2016.

As ações da Petrobras, cuja receita é atrelada ao preço do barril de petróleo, tiveram a maior queda percentual da história. As preferenciais (mais negociadas) despencaram 29,70%, a R$ 16,05. As ordinárias (com direito a voto) caíram 29,68%, a R$ 16,92. Os patamares são os menores desde agosto de 2018, quando a estatal se recuperava de perdas decorrentes da paralisação dos caminhoneiros, quando a companhia adotou programa de subvenção e o preço do diesel caiu.

— A mudança no preço do petróleo envolve diretamente a rotina operacional não só da Petrobras, mas de todas as companhias que pautam seus guidances com um preço de referência — diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

No ano, o petróleo cai quase 50%, reflexo da percepção de que a demanda pelo produto será menor com a redução da atividade econômica global. Uma queda de consumo já é certa: querosene de aviação, com a redução das viagens causada pelo coronavírus. O Goldman Sachs apontou que o óleo pode ficar ao redor de US$ 30 por barril ao longo do segundo e do terceiro trimestre, sem descartar uma queda para US$ 20.

Indústria
Com a retomada da produção em muitas fábricas na China, o fornecimento de insumos para a indústria brasileira começa a ser restabelecido aos poucos. Para o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), André Nunes, o maior receio no momento é que alguma quarentena coloque em risco parte da produção nacional, em processo similar ao que aconteceu na China, na Coreia do Sul e na Itália. No país europeu, o governo chegou a decretar o status em toda a Lombardia, região italiana mais industrializada.

— A preocupação com a obtenção de matérias-primas diminuiu, mas há o receio de que eventuais quarentenas representem um choque de oferta, o que é muito mais difícil de dar uma resposta de política econômica. Há dúvida sobre como os países como o Brasil reagiriam a isso, conforme aumente o número de casos e a moralidade do coronavírus — aponta Nunes.

Nunes ainda destaca que a desvalorização do real encarece o custo de produção e também retira o poder compra do consumidor, à medida em que pressiona a inflação de uma série de produtos. Neste contexto, o economista avalia que as perspectivas para a indústria pioraram em relação ao ano passado.

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