Depois da novena com uma única noite com chuva, o domingo da 65ª Romaria de Fátima em Erechim foi altamente favorável para o evento. Desde cedo, muita gente se dirigiu à Catedral São José, no centro da Cidade, de onde, às 09, partiu a procissão em direção ao Santuário de Fátima, onde também desde o amanhecer havia muitas pessoas em clima de oração. À medida que a procissão avançava pela Avenida Sete, mais gente se unia a ela.
Depois de calorosa acolhida à imagem carregada na procissão, ladeada por bandeiras da pastoral da juventude, Dom José deu continuidade à celebração com a parte da missa do dia. A passagem do Evangelho narrando o momento em que Cristo, na Cruz, confiou Maria a João, o discípulo do amor, foi encenada com jovem do grupo Geração Arte do Bairro São Vicente de Paulo representando Jesus e dois membros da pastoral da juventude, os outros dois personagens.
Dom José iniciou sua homilia lembrando a presença significativa da Mãe de Jesus nas bodas de Caná e junto à Cruz, conforme o evangelho da missa. Nas bodas, por sua intervenção, Jesus realiza seu primeiro milagre, transformando a água em vinho para que a festa de casamento não terminasse antes da hora, para constrangimento dos noivos. Junto à Cruz, ela vive dor semelhante à que toda mãe e todo pai passam pela morte de seus filhos, vitimados pela violência. É também testemunha das palavras de perdão que saem da boa de seu Filho. Lembrando as palavras de Jesus a João, eis aí tua mãe, o bispo perguntou: como estamos acolhendo Maria em nossa vida, em nossa casa? Concluiu desejando que ela continue a interceder junto de seu Filho como mãe e rainha da humanidade redimida pela misericórdia do Pai.
Abertura de um ano especial na Diocese de Erexim: No final da missa da Romaria deste domingo, Dom José fez a abertura oficial do Ano do Centenário das Aparições de Fátima e do Ano Mariano do Brasil em nível diocesano. Lembrando que na Bíblia o ano jubilar, de 25 em 25, para a renovação dos compromissos da Aliança com Deus, era anunciado pelo toque da trombeta, houve acordes conclamatórios de trompete. O bispo fez o pronunciamento declarando aberto este tempo especial na Diocese até a próxima romaria em 2017. Em sinal de alegria, ecoou forte o som da gravação dos sinos da Catedral pela esplanada do Santuário. Enquanto todos cantavam o hino do centenário, composto pelo Pe. José Carlos Sala, a imagem de Fátima do projeto “Centenário das Aparições, peregrinação da fé”, circulou entre os fiéis, carregada pelo Pe. Geraldo Moro, que em dezembro completará 60 anos de ordenação presbiteral, acompanhado por outros três padres que concelebravam a missa e por diversos ministros. Ao retornar ao altar, Dom José entregou a imagem ao Pároco de Severiano de Almeida, Pe. Sidmar Rech e a representantes da Paróquia, pois, por lá, ela continuará sua peregrinação pelas paróquias a partir desta segunda-feira.
Terço e coroação da imagem de N. Sra. de Fátima: Às 14, Pe. Valter Girelli, reitor do Seminário e do Santuário, com a equipe de liturgia do mesmo e membros da Paróquia N. Sra. Aparecida, Bela Vista, animaram o terço. No início da última dezena, que contempla a coroação de Maria como rainha do céu e da terra, crianças representando anjinhos colocaram a coroa na imagem de N. Sra. de Fátima. O singelo rito emocionou a todos, especialmente os familiares das crianças que o realizaram.
O agradecimento do coordenador geral da Romaria: No início da bênção dos objetos religiosos e da saúde com o Santíssimo Sacramento, às 14h30, Pe. Valter Girelli, Reitor do Santuário e Seminário, coordenador geral da Romaria ressaltou que o evento acontece com a participação e colaboração de muitas pessoas, famílias, comunidades, empresas, entidades e poder público e a participação dos romeiros. Externou a todos profundos agradecimentos. Na perspectiva do centenário das aparições, disse que, em breve, o Santuário e sua esplanada se tornarão um canteiro de obras em vista de sua remodelação, que será o presente de todos a N. Sra. na romaria do próximo ano, dia 08 de outubro, cuja novena iniciará no dia 30 de setembro.
Adiante, íntegra do agradecimento)
A bênção da saúde com o Santíssimo Sacramento: Número elevado de fiéis não deixou a esplanada do Santuário de Fátima antes da muito desejada bênção da saúde com o Santíssimo Sacramento. Inicialmente, Dom José abençoou a água com a qual ministros e ministras aspergiriam o povo, pedindo a Deus que o proteja das doenças e conceda cura aos doentes. Depois, invocou a bênção sobre os objetos religiosos e sobre as chaves dos carros e das casas. Pe. Maicon Malacarne, vigário paroquial da Catedral e assessor da pastoral da juventude, acompanhado pelos seminaristas, conduziu o Santíssimo Sacramento da capela da residência episcopal ao altar campal. Dom José dirigiu sua última mensagem ao povo. A partir da passagem do evangelho proclamado no momento, a dos dois cegos à beira da estrada que clamaram pedindo ajuda de Cristo, disse que, muitas vezes, todos passam pela experiência da prostração à beira do caminho na vida de fé. É necessário ter a coragem de ir ao encontro de Cristo pedindo que derrame o bálsamo da misericórdia e cure a cegueira do coração. Por fim, abençoou a todos com o Santíssimo Sacramento. Com o canto do hino do centenário e a imagem da procissão sendo carregada pela esplanada, os devotos se despediram daquela que ela representa.
Íntegra da homilia do Bispo:
65ª Romaria de Fátima – 09-10-2016
Fátima, Mensagem de misericórdia da Mãe de Cristo e nossa
Saúdo o estimado irmão Dom Girônimo Zanandréa, o Vigário geral, Pe. Dirceu Balestrin, o Pe. Geraldo Moro, que neste ano completa 60 anos de vida sacerdotal a serviço da Igreja povo de Deus. Através dele, saúdo todos os sacerdotes, os diáconos, as religiosas e os religiosos, o querido povo de Deus das comunidades da nossa Diocese e de outras, que veio, neste dia, em romaria a este Santuário para viver um momento de graças e bênçãos do Senhor Jesus, sob o olhar materno e misericordioso de Maria, aqui venerada com o título de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. A minha saudação se estende a todos aqueles que nos acompanham através dos meios de comunicação, de modo especial os enfermos e seus familiares, aqueles que estão nas casas de repouso, os que cuidam deles, os que estão colaborando para o êxito da romaria e o projeto de revitalização do Santuário. Lembro também, com estima, os que estão cuidando da segurança e seus familiares. Que Nossa Senhora ampare e acolha a todos no seu materno coração.
Queridos irmãos e irmãs em Cristo Jesus, no Evangelho de São João, Maria não é chamada pelo seu nome, mas sempre de mãe. A sua presença é lembrada em dois momentos significativos da vida de Jesus, nas bodas de Caná, onde, pela sua intervenção, mesmo alegando que ainda não tinha chegado a sua hora, Jesus, filho obediente ao Pai, não deixa de agir diante da solicitação de sua mãe, e faz o milagre da transformação da água em vinho, para que a festa de casamento não termine antes da hora e os convidados tenham que ser dispensados, causando assim constrangimento às famílias dos jovens esposos.
Outro momento importante na vida de Jesus, mesmo sendo de dor, de sofrimento, de morte, mas também de amor e misericórdia, foi quando estava pregado na cruz. Levantando a cruz, com seu corpo pregado, aquilo que era sinal de condenação, tornou-se sinal de redenção. Do alto da cruz, com seus braços abertos e seu corpo suspenso entre o céu e a terra, Jesus viu que não estava só naquela hora derradeira. Aos pés da cruz, estava presente sua mãe, juntamente com João, o discípulo do amor (Jo 19,23-27). Diante da cruz, percebemos o sofrimento da Virgem Maria ao ver como matam o seu filho, uma dor tão grande que atravessa a alma, como uma espada, um sofrimento semelhante ao que toda mãe e pai sentem diante da morte de seus próprios filhos, vítimas inocentes da violência que se manifesta ao longo da história, e torna-se ainda mais cruel quando não se tem presente o valor da vida, dom de Deus e a sua misericórdia pelos homens e mulheres, feitos à sua imagem e semelhança. Aos pés da cruz, Maria “é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. O perdão supremo oferecido a quem O crucificou, mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém” (MV).
O amor, a fé, a confiança na misericórdia de Deus deram forças à Maria, mãe de Jesus, da Igreja e nossa. Dão forças também a tantas mães, pais e jovens, frente à espada da violência que atravessa sua alma.
Por isso, creio que é importante termos fé fortalecida e comprometida, para podermos sustentar a Virgem Maria, que aceita a espada que Deus havia preparado para os pecados de seu povo, e que agora atravessa a alma dela e de tantas outras, associando-as desta maneira, à redenção universal de nosso Senhor Jesus Cristo, que tornou sagrado cada sofrimento e dor do homem na cruz, pela sua misericórdia.
Na cruz, é chegada a hora de Jesus. É a hora de sua mãe assumir o papel de mãe do Messias, nova Eva na obra redentora. Por isso, Jesus não se deixa vencer pela dor causada pela injustiça. Diante da dor, Ele foi capaz de um nobre gesto de amor e misericórdia para com sua mãe, para com o discípulo amado, que representava ali toda a humanidade que estava sendo redimida por seu sangue derramado na cruz.
“Jesus, ao ver ali ao pé da cruz a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis aí o teu filho! Depois, disse ao discípulo: Eis a tua mãe!’” Jesus, com seu gesto de amor misericordioso, entrega aos cuidados de Maria, mãe da misericórdia, não só o discípulo amado, mas cada um de nós. Jesus entrega aos cuidados do discípulo Maria sua mãe, para que a acolha como sua. Dois mil anos se passaram, e Ele continua dizendo a cada um de nós, “Eis a tua mãe”. Como estamos acolhendo Jesus em nossa vida, como estamos acolhendo sua mãe Maria em nossa casa? Estamos deixando que ela nos acompanhe com seu amor e sua ternura de mãe da misericórdia, como acompanhou seu filho Jesus, o Verbo de Deus, feito carne no seu ventre para a nossa salvação?
São Paulo, na carta aos Gálatas, afirma que o cristão não é mais escravo, mas filho e pode chamar a Deus de Pai. Em Jesus, Deus veio para nos mostrar o seu verdadeiro rosto: rosto de Pai bondoso, lento na ira, mas rico em misericórdia.
Irmãos e irmãs, na sua infinita misericórdia, Deus ilumina os homens e as mulheres de boa vontade, para que encontrem no próprio coração a esperança que os sustente no caminho cotidiano e a força para que possam contribuir na construção de um mundo fundado sobre os valores do amor, da fé, da justiça, da caridade e da misericórdia.
Que Maria, mãe de Jesus, aqui venerada com o título de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, continue intercedendo junto ao seu Filho, como mãe e rainha da humanidade redimida pela misericórdia do Pai. Amém