“O Estado não quer reabrir o Banco de Sangue em Erechim”; “Passo Fundo quer que Erechim seja apenas doador para movimentar e garantir a Medicina da cidade”; “Já morreram pessoas em Erechim por falta de sangue (plaquetas) e o Hemopasso não nos garante”; “Vamos dar a chave do Banco de Sangue para o Estado administrar”; “Não existe vontade e interesse do estado para reabrir a unidade”; “os burocratas do Estado não sabem de nossas necessidades”; “estão querendo centralizar a distribuição de sangue”.
Essas foram apenas algumas colocações feitas durante reunião realizada na manhã desta sexta-feira, 24 de junho, na sede da AMAU em Erechim para discutir e tentar entender por que o Estado não reabre o Banco de Sangue interditada desde o dia 23 de dezembro de 2016.
Participaram da reunião a direção da AMAU, Fundação Hospitalar Santa Terezinha, Hospital de Caridade, Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS), Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS); ACCIE; Hospinorte, SESSE (Sindicato de Estabelecimento de Serviços de Saúde); 11ª Coordenadoria de Saúde; Unimed; Agência de Desenvolvimento do Alto Uruguai Gaúcho; URI Erechim e Credenor; Câmara de Vereadores de Erechim; Associação Médica do Alto Uruguai (AMA); prefeitos da AMAU com hospitais na região (12 municípios); prefeitura de Erechim e Sindicato Rural.
Todos foram unanimes em afirmar que está ocorrendo um descaso com Erechim e o Alto Uruguai por parte do governo gaúcho e após várias tentativas sem êxito, deliberaram que o Banco de Sangue ingressará na Justiça para buscar mandato de segurança para reabrir a unidade e a ação será subscrita por todas as entidades presentes à reunião.
Foi montada uma comissão formada pela AMAU, Banco de Sangue, representantes da classe médica, representante dos hospitais, representante dos trabalhadores em saúde, prefeitura de Erechim que trabalharão no processo no próximos dias para ajuizar o quanto antes na Justiça local.
Ao longo de mais de uma hora e meia, os discursos inflamados e acima de tudo de indignação, mostrou a importância do Banco de Sangue em funcionamento. Mostraram-se cansados com espera angustiante de seis meses. “Pessoas vão morrer”, disse o prefeito de Erechim Paulo Polis: “o maior risco de morte que se tem é o Banco de Sangue estar fechado. O poder público está desde o início engajado até a medula na ajuda de resolver os problemas apontados. O município de Erechim vai puxar a fila e ser o primeiro a ingressar na Justiça para reabertura da unidade. Isso sim é um caso de jogar fora a criança com a água do banho”, finalizou.
O Administrador Judicial do Banco de Sangue, Jackson Arpini explanou sobre todos os itens que a inspeção estadual apontou e que as medidas foram tomadas, excetos janelas na divisa seca e troca de lugar de banheiro dos usuários: “essas reformas estruturais são instransponíveis. Estamos numa área alugada. O problema é que estamos vivendo de surpresas e cada dia aparece mais uma. Não vejo motivos para manter o Banco de Sangue fechado em Erechim”.
Segundo ele o objetivo é assinar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) com a Justiça para reabrir a unidade, pois a prefeitura de Erechim já doou uma área para construção da sede própria e que já tem em torno de 70% para os valores da obra.
O presidente da AMAU, Luiz Ângelo Poletto, afirmou que a Tractebel está disposta a pagar o resto dos recursos que faltam para complementar a obra.
O Diretor Consultivo do Simers no RS, Sérgio Fabris Junior ressalta que para Erechim e região é imprescindível a reabertura do Banco de Sangue de forma urgente: “quem trabalha na UTI, nos blocos cirúrgicos precisam ter sangue disponível 24 horas por dia. E a população tem que saber que com o Banco de Sangue fechado todos estão mais vulneráveis”.
O representante do estado na região, Marcos Moretto que é o Coordenador de Saúde, ponderou sobre os problemas e motivos que levaram à interdição do Banco de Sangue em Erechim: “não é de hoje que tem esse interesse de se centralizar os serviços de coleta. Sempre fui contrário a essa ideia.
Lirio Zarichta, prefeito de Três Arroios, que recentemente deixou a presidência da AMAU está cético com relação a decisão do governo gaúcho: “não existe vontade do Estado em reabrir Erechim, pela maneira como fomos recebidos em Porto Alegre várias vezes.
Após a reunião algumas certezas: irá morrer mais pessoas, o Estado não abrirá a unidade e a Justiça é o caminho no momento.