Entre os servidores mais afetados pelo parcelamento imposto pelo Palácio Piratini, estão funcionários públicos com salários acima da média, como auditores fiscais e procuradores — os mais bem pagos do Poder Executivo no Rio Grande do Sul. Confirmado na última sexta-feira (31), o fatiamento atingiu 100% dessas categorias.
Em reportagem publicada em 23 de julho, ZH revelou que 304 funcionários da administração direta receberam rendimentos totais superiores ao teto de R$ 30,4 mil em junho, incluindo adicionais como abono de permanência, férias, vantagens eventuais e parcelas indenizatórias. Desses, 287 eram vinculados à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ou à Secretaria da Fazenda — que agora integram a relação dos atingidos pela decisão do governador José Ivo Sartori.
Outra parcela bastante prejudicada, embora não na totalidade, envolve duas áreas vitais para a população: a segurança e a educação. Profissionais de ambos os setores estiveram à frente dos protestos registrados na segunda, e paralisaram parte das atividades.
No caso da segurança, só 15,1% dos servidores foram pagos integralmente. Dos 41 mil vínculos da Brigada Militar, por exemplo, 78% tiveram os contracheques parcelados. Isso significa que somente 9 mil receberam o pagamento completo na sexta-feira. Já delegados da Polícia Civil e oficiais da BM, que ganham mais, enfrentaram a mesma situação vivenciada por auditores e procuradores.
Entre os professores estaduais, pelo menos 62% tiveram a totalidade da remuneração depositada em suas contas bancárias. Isso porque a maioria tem contrato de 20 horas semanais, o que faz com que os valores fiquem abaixo de R$ 2,1 mil, ponto de corte estabelecido pelo governo.
Outros 38% amargaram o parcelamento do salário. Ao todo, a medida atingiu 47,2% do Poder Executivo.