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Inovações em maquinário aliam conectividade, produtividade e sustentabilidade no campo

Todos os anos, a Expointer é uma oportunidade para a apresentação de inovação tecnológica no ramo de maquinários e implementos agrícolas. O setor responde pela maior parte do faturamento da feira: na edição do ano passado, a venda de máquinas agrícolas representou 98% das comercializações realizadas no evento. O Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers) informou que a expectativa para este ano é de um faturamento de R$ 4 bilhões em negócios.

Mesmo que os números oficiais serão apresentados somente no domingo (4/9), último dia da feira, o presidente do Simers, Cláudio Bier, adianta que as expectativas são as melhores possíveis. “As sondagens que temos feito com os vendedores nos estandes, ao final de cada dia da Expointer, revelam que as vendas estão superando o cenário projetado pelas empresas”, afirma.

Em meio ao grande volume de vendas, novas tecnologias agrícolas são apresentadas ao público, que pode conhecer e adquirir equipamentos de última geração. Nos estandes das diversas empresas presentes no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, é possível não apenas conferir as máquinas e implementos, mas se inteirar sobre os possíveis rumos da agricultura no país em relação à conectividade, produtividade e sustentabilidade no campo.

Lebres e tartarugas

No Brasil e no mundo, cada vez mais a tecnologia é determinante para a agricultura, que busca rentabilidade e sustentabilidade — a pauta do meio ambiente é urgente. Segundo o gerente de inovação e customer experience da John Deere, Leandro Carrion, a agricultura de precisão, também chamada de tecnologia 4.0, é o caminho para ambas as demandas. “Por um lado, a precisão faz com que se use menos insumo e se extraia o máximo da operação agrícola. Por outro, ela permite que se utilizem água e fertilizantes, por exemplo, onde se deve usar, com o manejo correto da operação”, explica.

A precisão envolve um bom serviço de conectividade. O diretor de marketing de produto da New Holland para a América Latina, Cláudio Calaça, destaca esse potencial. “A tendência da inovação agrícola é de mais serviços conectados, com máquinas dotadas de sistemas de telemetria que transmitem os dados em tempo real para os produtores, para que eles possam fazer o gerenciamento simultâneo da frota na lavoura”, destaca.

Ao mesmo tempo, a conectividade é uma das principais barreiras para que a inovação prossiga no ritmo ideal. Afinal, como muitas regiões no campo não têm acesso à internet, o potencial dos maquinários que geram dados em tempo real acaba menos explorado. O investimento em conectividade traria ainda o benefício de levar internet às escolas e à comunidade, o que seria um ganho para a região como um todo.

Outro desafio enfrentado é a capacitação. Profissionais de análise e ciência de dados tendem a se concentrar nas grandes capitais, e não no interior. Ao mesmo tempo, quem está no meio rural tem mais dificuldade de acesso à capacitação necessária para lidar com as novas possibilidades tecnológicas. “A agricultura é uma indústria a céu aberto, então é muito difícil levar treinamento para os agentes envolvidos. Isso porque há pouco tempo para o deslocamento necessário à realização de um treinamento presencial. Com uma tecnologia como o metaverso, é possível capacitar alguém sem sair do lugar”, explica Carrion.

Mudar esse cenário é fundamental para que se passe à agricultura 5.0, ligada à conectividade, à gestão automatizada e ao processamento de dados. “Atualmente, a tecnologia chega ao campo como lebre; a capacitação, como tartaruga”, compara o gerente. E que tecnologias são essas apresentadas na 45ª edição da Expointer e chegando, em alta velocidade, aos produtores?

Um caminho mais sustentável

Ao projetar máquinas e tecnologias para a agricultura, a pecuária e o agronegócio, levar em consideração a questão da sustentabilidade se torna fundamental, seja por meio de aplicações e uso de insumos mais eficientes, seja através de motores com menor emissão de gás carbônico ou com a utilização de fontes alternativas para a geração de energia.

Acompanhando essa tendência no mercado de inovações tecnológicas para o campo, a New Holland apresentou, nesta Expointer, o primeiro trator movido a biometano do mundo. Desde o início do projeto, em 2013, o produto foi desenhado para ser utilizado com biometano, com um sistema e motor adequado, conservando as mesmas características de cabine, potência, torque e transmissão de um trator semelhante, movido a diesel.

Em 2016, o trator foi exibido na Expointer, ainda como um protótipo. Durante esse período, o modelo passou por um processo de desenvolvimento do produto e, no fim de 2021, acabou lançado comercialmente na Europa. No início de 2022, começaram a ser trazidas as primeiras unidades para venda no Brasil. Para alimentação do motor, é necessário ter um sistema na fazenda para utilização de dejetos de animais ou resíduos agroindustriais, ou seja, um biodigestor que transforma esses resíduos em um processo de geração do biogás.

O motor de biometano reduz as emissões de CO2 e promove a reutilização de materiais que seriam descartados, inclusive com potencial de causar danos ao ambiente. Além disso, como esse biogás tem um custo inferior ao do diesel, também há vantagens econômicas nessa inovação, principalmente ao considerar a parcela significativa que o combustível representa nas operações agrícolas.

Além da redução de custos e da maior independência energética, o grande diferencial dessa máquina é o alinhamento com o tema da sustentabilidade. “Esse é um produto inovador, que as pessoas estão vindo à feira conhecer. Aqueles clientes que querem ter um selo verde dos seus produtos veem esse trator com uma peça importante para seguir pelo caminho de uma produção mais sustentável”, afirma Calaça.

Mais conexão, mais desempenho

Também presente na 45ª Expointer, a John Deere aposta em soluções tecnológicas cada vez mais conectadas. A conectividade possibilita o monitoramento permanente, durante as operações agrícolas, potencializando os resultados no campo. “Nós monitoramos as operações agrícolas o tempo todo. Imagine uma sala cheia de telas, onde conseguimos não só ver as máquinas operando, mas também entrar em contato com o operador e fazer ajustes em tempo real. Isso é otimização das máquinas para conseguir a melhor produtividade”, explica Carrion.

Entre os produtos da marca, estão colheitadeiras e plantadeiras que operam com maior velocidade e precisão e pulverizadores com aplicação de alta precisão. Além disso, outro ponto de destaque está na utilização de câmeras e sistemas computacionais que reduzem o uso de químicos no cultivo, pois conseguem identificar as áreas com maior concentração de ervas daninhas. Esse sistema beneficia não só o ambiente, mas também o consumidor final dos produtos, pela redução de químicos no processo.

Focada nas necessidades dos produtores gaúchos, a Case IH também trouxe ao Parque de Exposições Assis Brasil diversas opções em maquinário, serviços e soluções tecnológicas. Assim como a New Holland e a John Deere, suas máquinas conectadas recebem um lugar de destaque entre os produtos da empresa. De acordo com o gerente de marketing de produto da Case IH, André Peres, a previsão é ter todas as máquinas da marca saindo de fábrica com tecnologia embarcada até o final de 2023.

Com a conectividade, todas as informações da frota e os dados da propriedade são centralizados em uma única plataforma, o que facilita a comunicação entre produtores, parceiros e fornecedores, seja recebendo orientações de plantio de um agrônomo ou analisando uma questão operacional em tempo real com visualização remota. “Essas oportunidades são fundamentais para manter o tempo de atividade e uso das máquinas em janelas curtas”, destaca Peres.

Além do sistema operacional com conectividade, possibilitando visualização remota e diversos recursos para oferecer suporte a distância ao operador, essas novas máquinas conectadas não deixam de oferecer resistência e desempenho de alta performance. Esses pontos são igualmente fundamentais para o produtor rural, conforme o produtor e pecuarista Fábio Panta, de Rio Pardo. “Nós precisamos de uma máquina para utilizar em serviços, como espalhar calcário e esterco para a revitalização de pastagens. Para isso, procuramos uma máquina mais robusta, mais confiável, de melhor desempenho para as necessidades que temos na nossa propriedade”, afirma.

Esse compartilhamento de informações entre os produtores, os parceiros e as empresas contribui para avançar nesse processo de encontrar e construir as melhores soluções tecnológicas para as demandas atuais do campo. As inovações do setor de maquinário e implementos agrícolas, focadas em conectividade, produtividade e sustentabilidade, mostram que os caminhos do agronegócio, da tecnologia e da questão ambiental são inseparáveis.

SourceGov/RS
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