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Júri do Caso Rafael é adiado após defesa de Alexandra abandonar julgamento

O que era para ser um julgamento de 4 ou 5 dias, a ser encerrado até a próxima sexta-feira, se transformou em um espetáculo de desperdício de dinheiro público. O júri de Alexandra Dougokenski, 34 anos, foi adiado, sem data definida, após o que a promotoria de acusação acusou ser uma manobra para procrastinar uma sentença já dada como certa: a condenação da ré pelo assassinato do próprio filho, Rafael Winkes. A primeira sessão e a mais aguardada do meio jurídico estadual deste ano, durou apenas 11 minutos e surpreendeu a todos os presentes.

A Uirapuru estava ao vivo no local, com o repórter David Santana, preparada para uma grande cobertura durante toda a semana e trouxe as informações a cada instante, passando desde o momento apreensivo da chegada de Alexandra até a saída surpreendente da banca de advogados que a defendia. Antes de finalizado o Júri, a tia de Alexandra, Noeli Batista, falou ao vivo da Uirapuru sobre o sentimento de todos naquele momento. Conforme ela, o que se esperava era justiça e que se Alexandra de fato matou o filho, ela deveria pagar. Noeli finalizou dizendo que Alexandra não era muito próxima dos demais familiares, não costumava receber ou fazer visitas.

Por volta das 9h15 o advogado que defende Alexandra, Jean Severo, saiu do salão onde o júri ocorria, no centro de Planalto-RS, falando a todos que a sessão não poderia ocorrer por erros do processo. O advogado se referiu a um suposto áudio enviado pelo menino Rafael ao pai biológico, que mora em Bento Gonçalves. Segundo a defesa, este áudio foi enviado em 15 de maio de 2020, sendo que o Ministério Público aponta a data da morte do menino em 14 de maio. Diante disso haveria, conforme a defesa de Alexandra, um grave erro. Os advogados pediam a perícia do material que teria sido extraído do celular de Rodrigo Winques, pai do menino Rafael.

A perícia foi recusada pela juíza do caso. A defesa de Alexandra é baseada na tese de que a mulher não matou o filho. O crime teria sido então cometido pelo pai do menino e, sob ameaça deste, Alexandra foi obrigada a assumir e não falar a verdade. A Uirapuru ouviu o advogado que compõe a banca de defesa de Alexandra, Gustavo da Costa Nagelstein, que citou até mesmo a caixa onde o corpo do menino foi encontrado. Conforme ele, o namorado de Alexandra chutou a caixa vazia quatro dias depois da data apontada como a da morte de Rafael e não sentiu peso algum.

A tese de que Alexandra é inocente e que o pai biológico matou Rafael é a quarta versão diferente apresentada desde que o caso teve início. Com isso os ouvintes questionaram se isso é possível. Mudar os depoimentos e as versões quando bem entender é algo legal? Ou o depoimento dado à polícia é o que vale? A Uirapuru ouviu o advogado criminalista em Passo Fundo, Dr. José Paulo Schneider, que já previa a suspensão do júri naquele momento diante da saída da banca de defesa. Ele explicou que no contexto do Direito é possível que a pessoa silencie ou diga o que bem entender como ato de defesa. A ré pode, a qualquer momento, apresentar fatos novos. O júri, porém, deve julgar se isso é coerente com as demais provas ou não.

MP diz que abandono de júri é revoltante

Tão logo a banca de defesa de Alexandra Dougokenski deixou o local o efeito imediato foi o anúncio de que estava suspensa a sessão, sem data ainda definida para retorno. O Ministério Público diz que o pedido de perícia no suposto áudio enviado pelo menino Rafael é uma estratégia para atrasar o processo. O MP diz que o áudio estava no processo há dois anos, mas só agora foi solicitada a perícia pela defesa. O promotor Marcelo Tubino Vieira disse que o Ministério Público está revoltado e este áudio surge para ser mais uma versão defensiva, enquanto todos os trabalhos apontam que o menino já estava morto no dia 15 de maio.

A promotora Micheli Tais Dumke Kufner disse que os áudios estão no processo desde julho de 2020. Diante dos fatos uma nova data será marcada. A promotora explicou que já houve outros abandonos de plenário no passado, mas este fato talvez tenha ocorrido como uma reação da banca diante da certeza da condenação de Alexandra.

O promotor Marcelo Tubino Vieira afirmou que a manobra da defesa impressiona. Houve um gasto gigante com polícia. Tudo foi marcado e organizado, com a presença da comunidade, mas por receio da pena que viria, a defesa abandonou o caso com uma encenação de que descobriram agora uma prova nova. Para o promotor, a comunidade está perplexa e quer uma resposta para que Rafael descanse.

O promotor Diogo Gomes Taborda explicou que é difícil prever quantos anos Alexandra deve pegar, no caso da condenação. Porém, a acusação busca pena máxima e a média deve ficar de 14 a 42 anos de cadeia. Emocionado, o promotor Diogo Taborda disse que Alexandra enganou toda a comunidade de Planalto, pois pediu ajuda e disse que o filho havia sumido. Depois ela admite e indica onde está o corpo do filho que ela matou. Em uma quarta versão, Alexandra diz que o pai matou o menino. Finalizou disse que agora os advogados deixam o júri, enganando todo o Rio Grande do Sul, algo que o Ministério Público nunca vai admitir.

Segundo o Tribunal de Justiça, poderá haver aplicação de multa aos advogados pelo abandono do julgamento. Alexandra responde no júri por homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.

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